Mensagem para Pensar



Em Casa de Zaqueu
                                                                                 

 O julgamento é dos homens, mas a Justiça é de Deus.( Meimei )


Uma das passagens mais emocionantes do Evangelho, para mim, é esta:
E tendo Jesus entrado em Jericó, ia passando. E eis que havia ali um varão chamado Zaqueu; e era este chefe dos publicanos, e era rico. E procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura. E, correndo adiante, subiu a uma figueira brava para o ver; porque havia de passar por ali. E, quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa. E apressando-se, desceu, e recebeu-o gostoso. E, vendo todos isto, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador. E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que hoje eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado. E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. (Lucas 19, 1 a 9)
Primeiro, chama a atenção a determinação de Zaqueu em aproximar-se de Jesus. O forte desejo de conhecê-lo, esquecendo-se de que era importante, e rico, contornando de alguma maneira o fato de ser um homem pequeno para estar frente a frente com o Mestre. Depois, a reação da multidão, que não considerava adequado que Jesus se hospedasse na casa de um homem corrupto, de um espoliador.
O detalhe que me deixa pensando nesta história é, justamente, a atitude da multidão, porque é a mais comum nos seres humanos. Ela julgou, provavelmente, por razões tidas como justas, porém julgou.
E quase todo mundo se sente no direito de julgar o certo e o errado, com base nas próprias razões, como se fosse o veredicto final e incontestável.
Porém, por mais que nossas razões tenham peso, geralmente, não são as únicas a serem levadas em conta, pois só Deus conhece todas as razões de todas as pessoas e, acima de tudo, Suas próprias razões.
Quando nos consideramos sempre certos, quando acreditamos que só fazemos o que é bom, isto pode parecer elevação moral mas, no fundo não passa de arrogância. Em outras palavras: se eu estou sempre certo, quer dizer que o resto do mundo está errado na maior parte do tempo. quer dizer que eu sou melhor, porque erro menos ou nunca erro. E não há aí nenhuma virtude verdadeira, nenhuma humildade.
Na verdade, cada pessoa faz o que acredita ser o melhor, numa determinada circunstância. E cada circunstância é única, de modo que ninguém pode avaliar o erro ou o acerto de outrem.
Se analisarmos bem, veremos que certo e errado só existem, de fato, para quem está de fora. Para quem olha de dentro, existem experiências, e o que conta são as razões. Portanto, ninguém de fora pode emitir um julgamento justo, se não entendeu e viveu as razões. Somos totalmente inabilitados para proferir sentenças do tipo Fulano não merece respeito, se se der mal será bem feito, está pagando pelo que fez, etc.
Além disso, não há simplesmente o certo ou o errado, o bom ou o mau, a luz ou a sombra, o feio ou o belo, o branco ou o preto. Cada coisa é boa e má, certa e errada, feia e bela, dependendo de como se olha. Cada pessoa, como nós mesmos, é certa e errada, e aceitá-la tal qual é representa um grande exercício de compaixão e respeito.
Um olhar compassivo não enxerga estas diferenças como defeitos ou qualidades, mas como partes da diversidade do mundo em que vivemos, diversidade de gostos, de caracteres, de níveis evolutivos, diversidade da qual participamos.
Jesus aceitava Zaqueu do jeito que ele era. Deus o amava tanto que enviou Jesus à sua casa, para receber sua hospitalidade.
Tanto chove na lavoura do homem de fé, quanto na do ateu. O sol brilha sobre santos e criminosos. Assim, também, deveríamos tratar igualmente a todos, dedicando-lhes igual consideração.
Até porque, enquanto se está mergulhado no mundo da matéria, nunca se sabe quem está mais certo ou mais errado diante de Deus. Nem se Deus dá a isto tanta importância quanto nós, já que  tudo é estrada de evolução.


RITA FOELKER



Capítulo XVI – NÃO SE PODE SERVIR A DEUS E A MAMON - Jesus na casa de Zaqueu – Item 4