quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A Pascificação se Constrói

Por Adriano Costa


“Sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele o oceano seria menor”

(Madre Tereza de Calcutá).

TEREZA DE CALCUTÁ, a missionária da caridade, a santa das sarjetas, foi beatificada pela Igreja Católica em 2003. Nascida na cidade macedônica de Skopje, a 26 de agosto de 1910 (embora considerasse o próprio aniversário como se dando no dia 27, data em que fora batizada), era filha de pais albaneses, numa família de três filhos. Seu nome verdadeiro é Agnes Gonxha Bojaxhi.

Aos treze anos, ouvira de um jesuíta, então em missão na Índia, a seguinte sentença: “Cada qual em sua vida deve seguir seu próprio caminho”. Tais palavras a impressionaram singularmente, e, a partir daí, determinou-se a dar um sentido à sua vida, a entregar-se ao serviço ao próximo; fazer-se missionária, enfim. Buscou, então, aconselhar-se com o referido sacerdote, para saber como atingir semelhante objetivo. O prudente homem sugeriu-lhe que aguardasse a confirmação do tempo e da “voz de Deus”.

E pelo que se conhece de sua rica biografia, retratada em filme no ano de sua beatificação, Deus não se fez demorar muito em fazer-se ouvir pela benfeitora dos párias sociais, porque o que não falta são os mais copiosos exemplos de amor, humildade e obediência que nos deixou por excelso legado de uma vivência profundamente cristã. Certa vez, deixou que se escapasse do próprio coração as seguintes palavras, que valem pelo mais eloqüente discurso: “Como Jesus, pertencemos ao mundo inteiro, vivendo não para nós mesmos, mas para os outros. A alegria do Senhor é a nossa força”.

Sua coragem era-lhe inversamente proporcional à debilidade corporal. E por firmemente convencida de que a Paz somente pode ser alcançada pela educação e pela justiça social, cedo resolveu abandonar o isolamento da clausura e pôs-se no caminho mesmo dos excluídos, para suavizar-lhes os maus tratos, o desamor, a desassistência; numa palavra: para amá-los, tornando-se a mãe carinhosa e devotada dos sofredores de todos os matizes. E aconselhava: “A todos os que sofrem e estão sós dai um sorriso de alegria. Não lhes proporcioneis apenas os vossos cuidados, mas também o vosso coração”.

Como não nos sentirmos edificados com a história dessa mulher, merecidamente considerada a “Missionária do Século XX”, a qual, no próximo dia 26 de agosto, terá seu centenário de nascimento comemorado em todos os quadrantes do planeta! Ah! Como o mundo necessita de Espíritos detentores de tamanha luminosidade! Como sabido, seu amor, sempre tão pronto e disponível e, sobretudo, incondicional e não excludente, ultrapassou até mesmo as barreiras das religiões, sendo-lhe clássica a seguinte assertiva: “Podemos (sim) nos tornar um hindu melhor, um muçulmano melhor, um católico melhor”.

Na Parte Segunda de O Livro dos Espíritos, no ponto que trata das “Diferentes Ordens de Espíritos” (Pergunta 97), Allan Kardec dirige-se aos Instrutores da Humanidade, para lhes perguntar o seguinte: “As ordens ou graus de perfeição dos Espíritos são em número determinado ? Ao que eles responderam:

"São ilimitadas em número, porque entre elas não há linhas de demarcação traçadas como barreiras, de sorte que as divisões podem ser multiplicadas ou restringidas livremente. Todavia, considerando-se os caracteres gerais dos Espíritos, elas podem reduzir-se a três principais, " Na primeira, colocar-se-ão os que atingiram a perfeição máxima: os Espíritos Puros. Formam a segunda, os que chegaram ao meio da escala: o desejo do bem é o que neles predomina. Pertencerão a terceira ordem os que ainda se acham na parte inferior da escala: os Espíritos imperfeitos. A ignorância, o desejo do mal e todas as paixões más que lhes retardam o progresso. Eis o que caracteriza.

Kardec, na obra citada, discorre a propósito da Escala Espírita, a retratar que, no curso da caminhada evolutiva em que todos estamos inseridos, uns ainda nos encontramos na infância do entendimento, enquanto outros, já desvencilhados das paixões grosseiras, encetaram o alteado vôo do amor sem mesclas que passaram a consagrar aos semelhantes. Exemplo maiúsculo desse primeiro grupo é certamente o Espírito iluminado de Madre Tereza de Calcutá, uma legítima guerreira pela vida humana.

Nos dias que correm caracterizados pela nefasta e criminosa tentativa de legalizar o aborto entre os brasileiros, caem ricas de oportunidade, as sábias palavras da lúcida advogada dos desprotegido: "Um país que aceita o aborto não está apto a ensinar os cidadãos a amar, mas a usar da violência para obter o que querem. E por isso que o maior destruidor do amor e da paz é o aborto". A Madre Tereza de Calcutá, portanto, rendemos, em últimas palavras, nossa homenagem e gratidão.


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