quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Pondo a mão na consciência.

Por Cláudio Vasconcelos


As tarefas que se desenvolvem no âmbito das organizações religiosas em geral e do Centro Espírita em particular, via de regra – e todos sabemos disso – resultam de trabalho voluntário, isto é, não financeiramente remunerado.


O regulamento a que todos os trabalhadores nos sujeitamos é de ordem exclusivamente moral: Não há relógios de ponto a nos vigiar a pontualidade; não se fazem registros de nossa assiduidade, com vistas a eventuais cortes de salário; quase sempre não há avaliações de nosso desempenho funcional e, por conta disso mesmo, não se operacionaliza um controle de qualidade dos serviços que prestamos aos que nos buscam (encarnados ou desencarnados); não se vive, por fim, sob ameaças da destituição de cargos ou demissões compulsórias.


Tudo mesmo acaba funcionando com base tão-só no DEVERobrigação moral da criatura para consigo mesma, primeiro, e, em seguida, para com os outros; “ uma bravura da alma”, enfim, segundo a palavra sábia de Lázaro (Evangelho Segundo o Espiritismo,XVII, item 7).


Por outro lado, a vida de todos nós, nestes tempos de modernidade ou “neste final de ciclo”, como costumam chamar os Espíritos Superiores, vem sendo remarcada por inúmeros entraves: doenças endêmicas e epidêmicas que, às vezes, nos prendem em casa; carga horária consagrada ao trabalho comum cada vez mais extensa e pesada, para atendermos, no circulo familiar, às exigências crescentes da civilização atual; trânsito, cada dia mais caótico e lento e, muitas vezes, perigoso; riscos de assaltos etc. etc. etc.


Que sucede, então? Muitos de nós, ainda que involuntariamente, vamos, aos poucos, nos tornando inadimplentes para com as nossas obrigações morais: Passamos a nos permitir sistemáticos atrasos em relação ao horário de chegada à Casa Espírita, isso quando não começamos a faltar à tarefa com a qual nos comprometêramos um dia. No início, ainda nos assalta o remorso, mas mesmo o remorso vai-se diluindo com o passar do tempo, à custa de auto-justificações, bastas vezes, equivocadas, mas que nos ajudam a anestesiar a consciência; e nos afastamos de vez... e assim permanecemos até que algo sofrido venha despertar, em nós, a lembrança da Casa que no acolhera, a certa altura da vida, e da causa por nós abraçada com entusiasmo e abandonada em momento de vexatória deserção.


Bem, a equipe espiritual dirigente de uma Instituição Espírita sabe muito bem que não seria prudente, nem caridoso, deixar que se enchesse o Centro de freqüentadores sem ter quem os atenda, satisfatoriamente. Segue-se daí o esvaziamento e algumas vezes, o próprio fechamento da Casa Espírita, ante a improdutividade de seus trabalhos. André Luiz, em sua obra “Desobsessão” cap. 14, assevera, contundente: “O fracasso, na maioria das vezes, é o produto infeliz dos retardatários e dos ausentes”.


Ora, de todo dispensável anotarmos que os trabalhadores que ficam, precisam transpor, no dia a dia de suas vidas, barreiras existenciais semelhantes às dos que não puderam continuar na obra, e que, se antes da saída destes, já pesavam sobre aqueles algumas sobreposições de tarefas, até em conseqüência da crônica e natural escassez de trabalhadores, imaginemos, agora, como haveriam de estar sem a ajuda dos desistentes.


O objetivo que nos reúne, no dia de hoje, é por tanto o de conhecermos as atuais condições de funcionamento de nossa Casa, para podermos, com base no auto-exame de nosso desempenho à testa das obrigações que nos estão afetas, e ainda, levados pelo amor e pela gratidão que nos liga ao Grupo Espírita Renascer, oferecer nossa contribuição à melhoria dos serviços que ele, em nome de Jesus, oferta aos necessitados.


Texto lido por ocasião da 2ª Reunião Geral de Trabalhadores do Grupo Espírita Renascer no dia 04 de Julho de 2010.


Nenhum comentário:

Postar um comentário